Flávio Carneiro

A noite do capitão

CURTA-METRAGEM
ANO: 2014


Roteiro: Adolfo Lachermacher e Flávio Carneiro
Direção: Adolfo Lachermacher
Elenco: Orã Figueiredo, Cláudio Manoel, Arlindo Lopes,
Alexandre DaCosta, Marcelo Mello, Paulo Gustavo

SINOPSE

"O Brasil não podia perder, não tinha como perder, seria uma aberração perder...e perdeu. (...).
Como não foi documentado pela televisão - onipresente em copas futuras - , o naufrágio brasileiro diante do Uruguai ganhou, na imaginação do país, a dimensão de lenda"
(Luis F. Veríssimo, Dossiê 50, Geneton M.Neto- pp.34 e 41)
"Na já citada vergonha de 50, éramos superiores aos adversários. Além disso, levávamos a vantagem do empate. Pois bem: - e perdemos da maneira mais abjeta. Por um motivo muito simples: - porque Obdulio nos tratou a pontapés, como se vira-latas fôssemos."
(Nelson Rodrigues - Complexo de Vira-Latas - Manchete Esportiva - 31/5/58)
"As pessoas bebiam, choravam e xingavam os uruguaios. Principalmente a mim. Bebi com eles sem falar nada. Troquei a alegria de um banquete por um ambiente de dor. Eu entendia o sofrimento dos torcedores porque também estava triste. Só voltei para o hotel quando o dia clareava."
(Depoimento de Obúlio Varela, in: O Estado de S.Paulo - Don Obdulio dispensa honras, José Maria de Aquino, 2/2/1989, a partir de matéria da Placar de 1972).

"Na noite de 16 de julho de 1950, o velho capitão não quis comemorar com o resto do time...". Assim, Armando Nogueira começa a sua crônica "A triste noite de um campeão". Apenas ele, brasileiro, e Eduardo Galeano, uruguaio, relatam este episódio - a fuga do capitão Obdulio Varela do hotel em que se encontrava a delegação uruguaia e seu passeio solitário pelos bares da cidade que ele acabara de entristecer.
A final da copa de 50 permanece até hoje no imaginário nacional por seu poder simbólico. O filme parte de documentos pesquisados e os revive através de um novo olhar, mesclando registro histórico e ficção, sem negar suas relações com o gênero policial noir.
Um homem caminha solitário por uma cidade desconhecida. Em seu encalço, um repórter fotográfico, Miranda, corre atrás da foto que pode representar o impulso fundamental em sua carreira. Este é o argumento básico de A noite do capitão.
O fato, segundo os jornais da época, é que, naquela noite, o capitão e símbolo máximo da equipe celeste, Obdulio Varela, parte para uma comemoração particular pelas ruas do Rio de Janeiro, sem ser visto ou reconhecido por ninguém.
O filme, narrado em off por Miranda, cria uma nova situação: Obdulio não fez o seu trajeto sozinho. Após a inesperada derrota, Miranda, na época ainda um foca, recebe de seu editor a tarefa de conseguir uma foto inédita daquele que foi considerado o principal responsável por nosso fracasso. Seria um grande furo, pois nenhum jornal estava devidamente preparado para aquilo. Afinal, quem poderia esperar pela tragédia?
Para surpresa de Miranda, o capitão abandona sorrateiramente o hotel em que está hospedada a delegação, pega um táxi e volta ao Maracanã, vazio. Dali segue para a Lapa, entra num bar e vai beber com um grupo de desconhecidos, que não acreditam ser ele o verdadeiro Obdulio Varela.
Como um detetive, Miranda segue os passos de Obdulio pela noite e acaba sendo o único testemunho de um episódio que concentra uma parábola sobre vencedores e vencidos, culminando em uma hilária e dramática situação em um bar, onde Obdulio Varela, poucas horas após ter imposto a maior decepção registrada no imaginário nacional, encontra-se bebendo com incrédulos torcedores derrotados.


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