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PARA APRENDER A LER
Entrevista concedida a Ana Cláudia Rocha, do jornal O Popular (Goiânia), setembro de 2014
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A 2ª Jornada Literária Sesc Goiás, que vai de amanhã a domingo, discutirá o acesso à literatura. Os debates contarão com a participação do escritor Flávio Carneiro. Nascido em Goiânia em 1962, Flávio se encantou com o Rio de Janeiro, para onde se mudou aos 19 anos e onde se formou em Letras, abandonando a paixão pelo futebol (ele foi jogador profissional). Atualmente, com 16 livros publicados, é professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Antes de embarcar para sua terra natal, Flávio falou desse estímulo à leitura.
Onde está sua origem na literatura?
Não dá para saber ao certo. Acredito que tenha muito a ver com meus pais. Não tínhamos muitos livros em casa, mas meu pai sempre foi um grande contador de histórias e talvez venha daí o meu fascínio pela ficção. E minha mãe sempre me incentivava quando eu aparecia com alguma história escrita - eu gostava de chegar em casa, depois da escola, e reescrever no caderno, como se fossem minhas, as histórias que a professora contava em sala.
Sua obra passeia por diversos estilos literários. Tem alguma preferência?
Minha aposta é sempre na fantasia, na imaginação, não importa qual seja o gênero: romance policial, ficção científica, fantástico, literatura infanto-juvenil. Acredito que um livro é uma espécie de brinquedo que o escritor fabrica para seus leitores, um brinquedo de imaginar. Para mim o que move tanto a escrita quanto a leitura é a imaginação. Por isso não me preocupo em passar mensagens, minha única preocupação é com a imaginação do meu leitor, se eu conseguir que ele saia por algumas horas do mundo cotidiano e viaje pela fantasia das páginas, me sentirei realizado.
As crianças e adolescentes estão cada vez mais envolvidos com a tecnologia. Como estimular a leitura?
A única forma de incentivar a leitura é transmitir ao outro a paixão de ler. Não há receita pronta nem há métodos infalíveis para estimular alguém a ler. O melhor método é bastante simples: se você gosta de ler, este seu gosto vai passar para o outro, para alguém que esteja perto de você, seu aluno, seu filho, um amigo. Agora, se você não gosta de ler, pode ter certeza que nem por milagre vai conseguir estimular alguém a ler.
Acredita no fim do livro físico em detrimento da leitura virtual?
Não. Isso não vai acontecer. O livro físico não concorre com o livro virtual, são coisas diferentes, prazeres diferentes, que podem conviver perfeitamente
O que você está lendo no momento?
Muito ficção policial, para escrever meu próximo romance, uma espécie de continuação de O Livro Roubado. E estou relendo, também para a escrita desse livro, toda a obra de Dashiell Hammett.
Você já fez roteiros para o cinema. Como anda essa produção?
Acaba de ser finalizado um curta-metragem, A Noite do Capitão, cujo roteiro escrevi em parceria com Adolfo Lachermarcher, diretor do filme. Estou com alguns projetos em mente, mas no momento minha preocupação é com o novo romance.
O futebol já foi o foco de alguns de seus livros. Você jogou na adolescência e atualmente tem um time. O futebol é uma paixão?
É. Uma paixão tão forte quanto a literatura. Quando criança, meu sonho era ser jogador profissional de futebol. Tive chance de realizar esse sonho, mas acabei optando por outro, igualmente forte, o de ser escritor. Hoje tento conciliar as duas coisas, jogando futebol num time de veteranos, em Teresópolis, e também no Pindorama F.C, a seleção brasileira de escritores (sim, isso existe).
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