Flávio Carneiro
Comentários
A confissão
Paula Cajaty.
www.paulacajaty.com.br. Rio de Janeiro, 31.03.2008.

Flávio Carneiro, com a habilidade ímpar da prosa de sua Confissã nos leva a uma cadeira, nos amarra ao seu relato intenso e profundo e já não somos mais que confessores comovidos.
Sua personagem complexa e indecisa, um homem sedutor e denso, diferente dos outros, sem nome ou destino certo, precisa desesperadamente contar sua história e vai revelando seu segredo a uma interlocutora especial e sem voz, seqüestrada para ouvi-lo ininterruptamente até o fim.
Ele conta então de sua fome interminável, sua fome de aprender tudo e conhecer o que não se ensina com palavras, ele conta que precisava encontrar a cura para seus vazios.
Invadido por contraditórios pensamentos, preenchido por estranhos desejos, vai descobrindo aos poucos em suas tantas e diferentes paixões o quanto o amor se assemelhava à própria morte.
Essa metamorfose fantástica e inexplicável atravessa as folhas do livro e se instala, silenciosa e irremediável, nos olhos de quem o lê, de quem espera atento o desfecho da história, o final de seu sombrio relato.
Na tentativa incessante de voltar ao início para resgatar-se a si próprio após as profundas marcas de seus amores, deseja firmemente que essa mulher amordaçada possa enfim desatar seus nós, talvez seja essa a única mulher que possa lhe responder, suavemente: Eu ensino, querido, o que você quiser.
Se essa mulher ímpar, ciente dos riscos na intensidade da entrega, finalmente abraçá-lo e ousar se despir de seus medos em busca do êxtase último da vida, esse amor se transmudaria, ainda e mais outra vez, numa sentença de morte.
Resta-nos perguntar se ela estaria disposta a tanto, resta-nos saber se para ele haveria perdão.




Outros Comentários



Voltar